SPFW 45: a moda que também é arte
São maratonas de desfiles, com olhos atentos para absorver o que há de mais fresco em termos de peças, cores e modelagens. Muito além de revelar o que é ou não tendência, a moda também é arte, pronta para traduzir angústias, emoções, formas de ver e viver, como aconteceu nas passarelas do SPFW, com coleções que conquistam por sua beleza estética e emocionam por seu conceito. Inspire-se!
Lino Villaventura
Celebrando os 40 anos de marca, Lino Villaventura busca, em sua extensa bagagem, a inspiração para criar peças que fogem do lugar comum e impressionam graças à dramaticidade visual e ao forte poder artístico. Suas peças esbanjam dramaticidade, com silhuetas máxi, babados sinuosos, mix de tecidos e bordados, além de linhas que parecem pontinhos de costura, dançando pelas criações e pela beleza das modelos, assinada por Marcos Costa.
Ronaldo Fraga
Famoso por seus icônicos desfiles, Ronaldo Fraga volta o seu delicado – e crítico – olhar para o maior desastre ambiental do Brasil, o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. A ideia, que surge graças ao encontro com bordadeiras de Barra Longa, cidade mineira afetada, vai além da tragédia e encontra beleza na recriação das memórias de quem ali vivia, materializadas em cada bordado desfilado na passarela.
Intitulada ‘As mudas’, a coleção é poesia nos mínimos detalhes, seja na passarela, que é tomada por representações dos milhões de metros cúbicos de lama que tomaram conta da região, nas peças que parecem tingidas de lama ou nos bordados das artistas de Barra Longa que, a pedido do estilista, remontam os jardins que ali existiam. O resultado é de uma sensibilidade tremenda, capaz de emocionar tanto aqueles que viram de pertinho quanto os que tiveram acesso apenas às imagens.
Fernanda Yamamoto
Leveza e uma delicadeza ímpar foram duas das principais características da nova coleção de Fernanda Yamamoto. Inspirada pelos aprendizados da comunidade agrícola Yuba, que possui uma filosofia autossustentável e uma forte relação com as artes, a estilista cria modelos fluídos e plissados, com texturas que remetem à natureza, como folhas e mares, belos tricôs e amarrações, que envolvem o corpo de um jeito todo sutil. Além dos ensinamentos, sete das agricultoras Yuba desfilaram as produções na passarela.
Seja nos modelos monocromáticos, que têm um brilho especial, ou nas peças bem coloridas, que lembram um arco-íris, os tingimentos são outro ponto que merece destaque. E o melhor: foram todos feitos de forma orgânica e natural.